Um gajo acorda cedo, muito cedo, vai para o ginásio como sempre ainda com 50% dos neurónios a dormir (cerca de 1, portanto). Quando sai da garagem e descobre que, para variar numa manhã de sexta, não há 2 carros e dezenas de Angolanos bêbados a impedir a saída, que o obrigam a buzinar debaixo da janela do vizinho do 1ºA, para poder passar.
Estaciona onde quer, a meio caminho entre o ginásio e a esplanada onde depois vai para o pequeno almoço. Nos balneários do ginásio não estão as habituais reuniões de cinquentões/sessentões a discutir o benfica e política. Subimos as escadas e vamos para a passadeira onde nos recebe um – Olá Bom dia! - todo sorriente, da morenaça gira que vimos todos os dias ali mas que nunca nos tinha dito palavra. Os restantes neurónios acordam para responder e compor o sorriso e pensa-se: Olha, n sei de onde veio isto, mas é ‘siiiimpático’.
Saímos, ainda com os músculos dormentes, sem força para nos levantarmos da cadeira onde caímos na esplanada e o empregado, pela primeira vez nos anos todos que lá vou, lembrou-se de levar os guardanapos à mesa, evitando-me o sofrimento de me levantar e ir buscá-los ao interior.
Na A5 há um acidente, mas por uma vez, o trânsito está parado 100m depois da nossa saída, o que significa que não há trânsito nenhum. Depois, lugar de estacionamento à porta. Entro no escritório e antes de me sentar já me estão a oferecer um Nespresso Cosi.
Estou precisamente a bebê-lo quando me dizem: - Esse blazer fica-te muito bem, a cor é fantástica!
Um gajo de repente começa a pensar que está a acontecer alguma coisa estranha. A minha primeira reacção foi tentar pedir socorro; é óbvio que fui raptado por extraterrestres e me ligaram a uma máquina como fornecedor de energia, enquanto me alimentam por via intravenosa e me enfiam pázadas de pensamentos felizes na cabeça, para me manter quieto. Cheguei a gritar pelo Neo, que viesse na Nabucodonosor e me desligasse esta coisa. Mas sem ser o olhar espantado dos que me rodeavam, não houve mudanças nem reacções.
Sentei-me e o trabalho estava lá, como o deixara ontem. Confortante! Mas, de novo estranheza, não houve emergências e tive tempo para escrever esta coisa.
Bem, é sexta –pensei – se calhar espero até que o euromilhões acerte nos números que escolhi para festejar. Depois lembrei-me que esta sexta ia também estar num jantar com 90 pessoas que conheço à 20 anos.
E foi nessa altura que pensei: Há dias improváveis na vida de um gajo!
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1 comment:
Para ser perfeito, só se o Nespresso fosse oferecido pelo Clooney... bom, mas isto do meu ponto de vista, claro... (risos)
Há dias assim... suponho...
Um beijo
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