Tuesday, July 17, 2007

when?



Porquê?
Porque persistem em existir grossas lágrimas me rolam pelo rosto?
Porque acordo sufocado mais vezes que as que me deixo a mim mesmo saber?

(…)Oh, Angie, Oh, Angie, when will those dark clouds disappear (…) *



Quando voltarei a sorrir? E quando serão reerguidas dos escombros, as paredes de mim?

(…)All the dreams we held so close seemed to all go up in smoke (…) *


Porque é a dor mais funda, aquela que é por ti, pela tua própria dor? Aquela que sinto quando me lembro que te dói como a mim?
Terás tu a resposta?

(…) Oh, Angie, don't you weep, all your kisses still taste sweet (…) *


Saberás tu quando vou poder respirar sem esta dor que me aperta? Quando poderei deixar de fingir que sou forte?

Desaparecerá um dia este fosso que não nos deixa aproximar?

(…) But angie, I still love you baby, ev'rywhere I look I see your eyes
There ain't a woman that comes close to you, come on baby, dry your eyes (…) *







* Angie, The Rolling Stones

Monday, July 16, 2007

Conto para maiores de 18

Sentados à mesa, enquanto decorria o que aparentava ser um normal almoço entre amigos, a conversa fluia fácil e absorvente. No entanto, quem olhasse mais atentamente poderia ver que os olhares deles se cruzavam com mais frequência que o normal e que exprimiam desejo e aquele brilho especial da paixão.

Os cabelos negros e compridos dela caíam sobre um rosto bronzeado e bonito. Ela era sem dúvida uma mulher muito atraente e ele não conseguia desviar o olhar dos límpidos lagos que eram os olhos dela. E tão pouco conseguia disfarçar a indesmentível atracção.

Ela sorria, claramente se apercebia do que diziam os olhos dele e a ideia agradava-lhe. Entendiam-se muito bem, ela fazia-o rir e ele transmitia-lhe uma calma doce que ela não sentia há muito. Aqueles almoços repetiam-se aliás em função disso, desse sentimento que crescia dentro dela e dentro dele.

Saíram do restaurante para a rua, onde um lindo dia de sol os esperava. Caminharam lado a lado durante alguns metros e por fim, ele abrandou o passo, segurou na mão dela fitou-a nos olhos. Ela retribuíu o olhar, doce e expectante

- E se em vez de ir trabalhar, entrarmos no carro e formos apanhar sol na barriga, numa esplanada junto ao mar?

Ela sorriu, apertou-lhe a mão com força e assentiu com um ligeiro aceno de cabeça.

Entraram no carro dele e partiram. Passaram a ponte deixando a grande cidade para trás e já na auto-estrada as suas mãos tocaram-se, primeiro por acaso, depois por desejo e apertaram-se com força. Ela sorriu e acariciou-lhe o braço. Um arrepio de felicidade e prazer percorreu o corpo dele.

Algures numa estrada no litoral a sul de Tróia, decidiram entrar por um caminho de terra e poucos kilómetros depois deparou-se-lhes um cenário fantasticamente belo. Um areal deserto em toda a sua extenção, um mar de azul límpido e o hipnotizante verde do pinhal... era um sítio encantador.

- Oh, aqui não tem explanada! – exclamou ela com beicinho claramente forçado.

Ele riu-se e chamou-lhe tonta. Saíram do carro e caminharam até ao cimo da duna. Deram as mãos, olharam um para outro e as suas bocas aproximaram-se. Primeiro os seus lábios mal se tocaram, num encontro tímido e fugaz, mas depois as suas bocas uniram-se num longo e apaixonado beijo. Beijaram-se longamente, com uma sofreguidão de quem esperou muito tempo por este momento. Ele conseguia sentir o coração dela a bater forte junto ao seu, o seu cheiro, o seu sabor e arrepiou-se de prazer.

Abraçaram-se e deixaram as suas mãos explorar livremente os corpos um do outro. Ele levantou docemente a camisola branca de algodão dela, enquanto lhe beijava o pescoço, até revelar o seu peito lindo. Sorriu-lhe e desceu, beijando-o, enquanto ela fechou os olhos de prazer. Ela desfez o nó da gravata dele e lentamente foi abrindo os botões da camisa, para por fim o deixar de tronco exposto, à mercê das suas carícias e beijos.

Ele pegou nela e levou-a até junto do carro. Enconstaram-se ao carro envolvidos num abraço meigo. Ele deixou as suas mãos deslizarem para dentro dos jeans dela e depois para dentro das suas cuecas e sentiu o seu sexo quente. Ela desapertou o cinto das calças dele, depois o botão e deixou-as cair. De seguida, desapertou o botão dos jeans e ficaram assim nus a olhar-se.

Ela começou por lhe beijar o peito, por lhe apertar as nádegas e o mordiscar levemente; depois ele agarrou-a, beijou-a e encostou-a ao carro e encostou o seu sexo duro ao dela e penetou-a. Fizeram amor ali mesmo e quando a respiração ofegante de ambos indiciou que estavam a chegar ao orgasmo, beijaram-se com sofreguidão e apertaram-se num abraço terno do qual desejaram nunca mais sair.

Quando finalmente se soltaram do abraço, riram ao constatar que as roupas estavam espalhadas pela areia e seria impossível voltarem ao escritório com ar decente naquele dia. Brincaram na areia, tentando esconder as roupas um do outro e acabaram no carro, com as roupas desalinhadas, a caminho de casa dela.

Saturday, July 14, 2007

O direito a não pensar

Se há um direito que eu gostava de ter, esse era o direito a não pensar. Não sei sequer se é uma questão de direito ou de capacidade.

Gostava de conseguir, com ou sem ajuda de alegria química, esquecer o que me dói, o que me magoa e viver a vida livre das amarras que não me deixam ser feliz.

Sinto que as partes e pessoas da minha vida que não têm culpa, não deveriam ter que conviver com um 'eu' infeliz. Gostava que o sorriso que vêm pudesse ser sentido. Que a felicidade que percebem, fosse mais que um avatar que me permite esconder.

Mas não consigo. E lamento-o a cada dia, a cada hora.