Tuesday, December 11, 2007

Conto de Natal

Desde que, há 106 anos, Turlin começara a trabalhar com o Pai Natal, nunca voltou a passar o Inverno com a família, na sua cidade natal de Doni Heiland, a cidade de onde eram originários a maior parte dos duendes que trabalhavam no Pólo Norte, nas instalações da Santa’s Toy City Inc.

Turlin era o responsável do departamento de Investigação e Desenvolvimento de novos brinquedos e até aí sempre tinha adorado o seu trabalho. Tinha a possibilidade de dar largas à sua imaginação e criatividade e o Pai Natal sempre tivera plena confiança nos brinquedos e jogos que Turlin produzia, dando a sua aprovação incondicional.

No entanto, nestes últimos 3 anos Turlin começou a sentir a semente da desmotivação a germinar dentro de si. A longa noite do Inverno Ártico começava a custar cada vez mais a passar e os meses a fio enclausurado no laboratório ou no estirador já não lhe pareciam tão estimulantes.

Turlin era assim mesmo, um inconformado e segundo o prório Pai Natal, isso era o que fazia dele o melhor criador de brinquedos que a Santa’s Toy City já tivera. Mas não foi só nas qualidades criativas que Turlin fez escola; ele foi o primeiro duende a reclamar um aumento salarial e foi directamente responsável pela criação do STRAPON, o Sindicato dos Trabalhadores do Polo Norte.

Aliás, é relembrada como uma anedota corporativa, a monumental discussão que Turlin teve na sauna do health club da Santa’s Toy City, em que exigiu ao Pai Natal uma mota de neve com 2 lugares e 165cv sob ameaça de se demitir e fugir com a patente do Nenuco com fraldas.

Assim era ele, um duende refilão, mas acarinhado pelo Pai Natal pela sua competência, já que foi Turlin que esteve por trás de brinquedos que todos nós conhecemos e com os quais todos já brincámos, como o Monopólio, o Action Man, os preservativos com sabores ou os vibradores de 3 velocidades (mais marcha atrás).

Pois neste ano, as coisas não estavam a correr nada bem e o ambiente entre Turlin, os seus colegas e o Pai Natal andava um algo pesado. Tudo começou quando Malaguin, o duende director do departamento de Higiene e Segurança nos Brinquedos, foi fazer queixa ao Pai Natal sobre o novo brinquedo que Turlin estava a desenvolver. Segundo Turlin, era uma inocente linha de brinquedos a enviar às crianças Israelitas e Palestinianas, mas na verdade consistia num kit de DIY para preparar um colete de explosivos e vários bonecos articulados que os vestiam e se desmembravam com o deflagrar da explosão.

Uns dias depois, o Pai Natal convocou Turlin para o seu gabinete e tiveram uma conversa bastante séria.

- Isto não é aceitável, Turlin, onde andas tu com a cabeça? – Disse-lhe
- Não vejo qual é o problema, o ano passado levaste bonecos só com uma perna para as crianças de Angola e não te queixaste.
- Levei?! Hã??!!
- Sim, claro que levaste!
- Merda, por isso é que as cartas que recebi de Angola este ano eram todas a insultar-me a mim e à minha mãe. Isto não pode continuar. Acabei de decidir, de hoje em diante, nenhum produto teu pode sair sem a aprovação do Malaguin e minha.
- Mas...
- Nem mas nem meio mas, Turlin, podes brincar o que quiseres, mas com os brinquedos finais, os que enviamos, tens que ser cuidadoso. Sabes como são esquisitos os gajos das ONG’s e mais os caramelos da CE, especialmente agora lá com o Durão na Comissão, tu não me queres levar à falência, pois não?

- Não vejo o problema, com a massa que ganhas dos gajos da Coca Cola, bem podes deixar a merda dos brinquedos.
- Chega, está decidido e não quero mais conversa. Se estás com problemas, fala com a Mãe Natal, ela bem precisa de clientes, que anda sempre a queixar-se que a vida de uma psicoterapeuta no Pólo Norte é uma seca.
- Bah, tudo bem.

Foi assim que Turlin decidiu telefonar à Mãe Natal e marcar uma sessão de psicoterapia. Ao menos sempre se distraía, saía do atelier e deixava para trás o cheiro a bosta de rena, para aturar alguém menos chato que os parvos dos duendes do armazém, todo o dia a cantar Jingle Bells.

Tocou à porta da mansão de 3 pisos que o Pai Natal mandara construir com o dinheiro do patrocínio da Coca-Cola e esperou. Breves instantes depois a Natascha – a empregada Ucraniana do Pai Natal – abriu a porta e indicou-lhe a biblioteca.

A lenha crepitava na lareira e emprestava ao local uma luz amarelada e quente, bastante reconfortante. Turlin, ao invés de se sentar na chaise-longue de pele, decidiu dar uma vista de olhos pelos títulos dos livros na estante mais próxima. Estava precisamente a apreciar as fantásticas encadernações da colecção das obras completa do Marquês de Sade, quando entrou a Mãe Natal.

- Boa noite, Turlin.

Turlin respirou fundo antes de responder. A Mãe Natal era uma Finlandesa loira, com 1.85m, de olhos azuis como turquesas e com um corpo que justificava plenamente a razão do Pai Natal chegar sempre despenteado (e tarde) à fábrica.

- Boa noite, Mãe Natal. Como estás?
- Bem, obrigado, Turlin. Senta-te aqui ao pé de mim no sofá, não fiques aí tão longe nessa fria chaise-longue.
- Er... tá bem.
- Bom, sei que tens andado um pouco stressado. Queres contar-me o que sentes?
- Não é fácil, sinto-me cansado. Tenho 158 anos, estou a entrar na meia idade, sinto que estou a perder parte da minha vida. E depois, estes invernos longos aqui... pronto, confesso, desde os 120 anos que as minhas fantasias e carências sentimentais se têm tornado difíceis de suportar.
- Oh, meu querido. Eu percebo isso, sabes, a mim também me custa as 3 horas que o Pai Natal passa por dia na fábrica. Mas o que te fez mudar? Tu dantes, mesmo reinvindicativo, eras afável e sempre alegre. Agora andas... como direi?... resmungão, sabes?
- Eu sei, sinto isso. Mas passar o dia todo a apanhar com os rabetas dos duendes escoceses que vocês contrataram para o armazém, não é fácil. Sempre a cantar, com aqueles ridículos collants verdes justinhos. Sei lá, é tudo junto. Mas essencialmente acho que é aquela coisa da falta de sexo.
- Oh, não seja por isso, meu pequerrucho, senta aqui no meu colo.
- HÃ???
- Vá, o Pai Natal está no laboratório de brinquedos, só chega mais tarde.
- Mas, eu não sei...
- Vá vem cá, deita aqui a cara no meu peito.
- ....

Como esperavam todos, o inevitável sucedeu. O Pai Natal entrou em casa e decidiu ir dizer olá aos dois, pois sabia que ainda estariam na sessão de psicoterapia. Entra na biblioteca e depara-se com Turlin enroscado no peito da Mãe Natal. Surpreendido exclama:

- Mas o que raio estás a fazer, Turlin?
- Estamos na psicoterapia, querido – responde a Mãe Natal – apertando Turlin contra si.
- Ah bom, pensei que fosse mais uma das ideias parvas dele.

Thursday, November 29, 2007

O livro mais esperado

Estava eu hoje aqui no lóbi do Hotel Trópico a folhear uma revista ao pequeno almoço e de repente vejo esta preciosidade.



Caraças, será que depois disto vou conseguir comprar o mais recente livro, qd regressar a Lisboa?

Monday, November 26, 2007

My smile

Hoje acordei e tinha um sorriso.
Estava nos meus lábios e brilhava-me nos olhos.
Hoje, a confusão da cidade que não pára parece-me uma doce dança e o seu som forte, uma quente canção.

Quente como o sol que sorri – também ele – e que empresta este toque de luz brilhante à cidade, que se engalanou de cores alegres.

Tudo isto para mim e para o meu sorriso. Para me dizer que me compreende e sorri comigo.

Embora seja uma sensação estranha e difícil de ‘realizar’, acho que se chama felicidade. Tomara que não parta de novo.

Thursday, November 01, 2007

De vez?

Estou há muito tempo sem escrever. A todos os que me perguntam, vou tentando desculpar-me com o tempo ou o trabalho. Na verdade, não sendo isso mentira, há outras razões bem mais profundas para a ausência de escrita.

Desde que me separei, algures em 2004, entrei numa espécie de espiral depressiva, por vezes controlada e mesmo esquecida, mas outras vezes, de difícil fuga e verdadeiramente limitadora.

Angola acabou por se revelar – embora, honestamente, eu não o esperasse – uma forma de sair do turbilhão de emoções que teimavam em me manter infeliz.

Com o tempo, a rede de relações que criei em Angola tornou-se mais forte. A Ana, especialmente, mas para além dela e depois dela, muitas outras pessoas perceberam o quanto eu precisava delas e souberam estar lá, mesmo sem eu pedir.

Descobri que o ambiente humano é diferente, em África. Não só entre os expatriados, que partilham esta distância que nos torna mais próximos, mas também o calor e alegria do povo Angolano se tornou um bálsamo difícil de dispensar.

Descobri que aqui posso, de facto, ajudar outras pessoas; não só profissionalmente, mas também na vida, há aqui pessoas muito necessitadas e descobri que parte da minha felicidade passa por trazer felicidade aos outros. Sem os cinismos e competitividade fútil de Lisboa, em que mais um punhado de Euros parecem ser um fim que justifica qualquer meio.

Aos poucos, o sofrimento que sentia ao partir de Lisboa para Luanda, inverteu-se e hoje, custa-me tremendamente mais deixar a minha vida em Angola para regressar em Lisboa. Filha à parte, sinto-me cada vez menos ligado a Lisboa; não à cidade, que amo de paixão, mas à vida e sociedade.

A partir do momento que aceitei estes sentimentos, ficou evidente que, para ser feliz, tinha que fazer alguma coisa.

A decisão foi tudo menos fácil. Mas um grupo de pessoas excelentes e muitas horas de psicoterapia, acabaram por me deixar uma única via aceitável. Decidi assim esta semana, que pretendia que o meu futuro passasse por África.

Assumi que pretendo – com o actual ou outro empregador – trabalhar em África e procurar encontrar-me aqui. Não sei se por muitos anos, se por poucos. Já vivi demais para ainda acreditar que se podem ter essas certezas, mas sei que neste momento, é em Angola que quero estar.

Ter conhecido a Sylvie, ainda mais viajada que eu, fez-me perceber que não era um sentimento contra-natura, esta coisa de querer deixar a ‘civilização’ e sentirmo-nos felizes num outro sítio que maior parte dos nossos amigos considera inabitável.

Se calhar, precisava também destes novos amigos.

A todos os que me ajudaram neste percurso interior, o meu mais profundo obrigado. Vocês sabem quem são!

Monday, October 15, 2007

Algo que eu já devia ter aprendido

A solidão e sua porta

Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar,
(nem o torpor do sono que se espalha).

Quando pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha

a arquitectar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida

com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.


Carlos Pena Filho


Os meus agradecimentos à Pacanina

Thursday, October 11, 2007

Há coisas que não mudam

Parece que não escrevo aqui há muito, e é verdade, tenho andado por África, mas na verdade, na verdade, ainda que quase tudo se mantenha igual, a minha vida está cheia de cor, senão vejamos:

Tenho noites em branco, sorrisos em amarelo, dias em púrpura, fins de semana em azul, sonhos em rosa e negro... e até tenho cabelos cinzentos.

Ufa, tantas cores.

Tuesday, July 17, 2007

when?



Porquê?
Porque persistem em existir grossas lágrimas me rolam pelo rosto?
Porque acordo sufocado mais vezes que as que me deixo a mim mesmo saber?

(…)Oh, Angie, Oh, Angie, when will those dark clouds disappear (…) *



Quando voltarei a sorrir? E quando serão reerguidas dos escombros, as paredes de mim?

(…)All the dreams we held so close seemed to all go up in smoke (…) *


Porque é a dor mais funda, aquela que é por ti, pela tua própria dor? Aquela que sinto quando me lembro que te dói como a mim?
Terás tu a resposta?

(…) Oh, Angie, don't you weep, all your kisses still taste sweet (…) *


Saberás tu quando vou poder respirar sem esta dor que me aperta? Quando poderei deixar de fingir que sou forte?

Desaparecerá um dia este fosso que não nos deixa aproximar?

(…) But angie, I still love you baby, ev'rywhere I look I see your eyes
There ain't a woman that comes close to you, come on baby, dry your eyes (…) *







* Angie, The Rolling Stones

Monday, July 16, 2007

Conto para maiores de 18

Sentados à mesa, enquanto decorria o que aparentava ser um normal almoço entre amigos, a conversa fluia fácil e absorvente. No entanto, quem olhasse mais atentamente poderia ver que os olhares deles se cruzavam com mais frequência que o normal e que exprimiam desejo e aquele brilho especial da paixão.

Os cabelos negros e compridos dela caíam sobre um rosto bronzeado e bonito. Ela era sem dúvida uma mulher muito atraente e ele não conseguia desviar o olhar dos límpidos lagos que eram os olhos dela. E tão pouco conseguia disfarçar a indesmentível atracção.

Ela sorria, claramente se apercebia do que diziam os olhos dele e a ideia agradava-lhe. Entendiam-se muito bem, ela fazia-o rir e ele transmitia-lhe uma calma doce que ela não sentia há muito. Aqueles almoços repetiam-se aliás em função disso, desse sentimento que crescia dentro dela e dentro dele.

Saíram do restaurante para a rua, onde um lindo dia de sol os esperava. Caminharam lado a lado durante alguns metros e por fim, ele abrandou o passo, segurou na mão dela fitou-a nos olhos. Ela retribuíu o olhar, doce e expectante

- E se em vez de ir trabalhar, entrarmos no carro e formos apanhar sol na barriga, numa esplanada junto ao mar?

Ela sorriu, apertou-lhe a mão com força e assentiu com um ligeiro aceno de cabeça.

Entraram no carro dele e partiram. Passaram a ponte deixando a grande cidade para trás e já na auto-estrada as suas mãos tocaram-se, primeiro por acaso, depois por desejo e apertaram-se com força. Ela sorriu e acariciou-lhe o braço. Um arrepio de felicidade e prazer percorreu o corpo dele.

Algures numa estrada no litoral a sul de Tróia, decidiram entrar por um caminho de terra e poucos kilómetros depois deparou-se-lhes um cenário fantasticamente belo. Um areal deserto em toda a sua extenção, um mar de azul límpido e o hipnotizante verde do pinhal... era um sítio encantador.

- Oh, aqui não tem explanada! – exclamou ela com beicinho claramente forçado.

Ele riu-se e chamou-lhe tonta. Saíram do carro e caminharam até ao cimo da duna. Deram as mãos, olharam um para outro e as suas bocas aproximaram-se. Primeiro os seus lábios mal se tocaram, num encontro tímido e fugaz, mas depois as suas bocas uniram-se num longo e apaixonado beijo. Beijaram-se longamente, com uma sofreguidão de quem esperou muito tempo por este momento. Ele conseguia sentir o coração dela a bater forte junto ao seu, o seu cheiro, o seu sabor e arrepiou-se de prazer.

Abraçaram-se e deixaram as suas mãos explorar livremente os corpos um do outro. Ele levantou docemente a camisola branca de algodão dela, enquanto lhe beijava o pescoço, até revelar o seu peito lindo. Sorriu-lhe e desceu, beijando-o, enquanto ela fechou os olhos de prazer. Ela desfez o nó da gravata dele e lentamente foi abrindo os botões da camisa, para por fim o deixar de tronco exposto, à mercê das suas carícias e beijos.

Ele pegou nela e levou-a até junto do carro. Enconstaram-se ao carro envolvidos num abraço meigo. Ele deixou as suas mãos deslizarem para dentro dos jeans dela e depois para dentro das suas cuecas e sentiu o seu sexo quente. Ela desapertou o cinto das calças dele, depois o botão e deixou-as cair. De seguida, desapertou o botão dos jeans e ficaram assim nus a olhar-se.

Ela começou por lhe beijar o peito, por lhe apertar as nádegas e o mordiscar levemente; depois ele agarrou-a, beijou-a e encostou-a ao carro e encostou o seu sexo duro ao dela e penetou-a. Fizeram amor ali mesmo e quando a respiração ofegante de ambos indiciou que estavam a chegar ao orgasmo, beijaram-se com sofreguidão e apertaram-se num abraço terno do qual desejaram nunca mais sair.

Quando finalmente se soltaram do abraço, riram ao constatar que as roupas estavam espalhadas pela areia e seria impossível voltarem ao escritório com ar decente naquele dia. Brincaram na areia, tentando esconder as roupas um do outro e acabaram no carro, com as roupas desalinhadas, a caminho de casa dela.

Saturday, July 14, 2007

O direito a não pensar

Se há um direito que eu gostava de ter, esse era o direito a não pensar. Não sei sequer se é uma questão de direito ou de capacidade.

Gostava de conseguir, com ou sem ajuda de alegria química, esquecer o que me dói, o que me magoa e viver a vida livre das amarras que não me deixam ser feliz.

Sinto que as partes e pessoas da minha vida que não têm culpa, não deveriam ter que conviver com um 'eu' infeliz. Gostava que o sorriso que vêm pudesse ser sentido. Que a felicidade que percebem, fosse mais que um avatar que me permite esconder.

Mas não consigo. E lamento-o a cada dia, a cada hora.

Thursday, May 31, 2007

Desabafo

Sempre que ouço aquelas três meninas da TV Cabo a tocar: TRRIMM-TRRIMM, TRRIMM-TRRIMM, só me apetece pegar nelas e.... mudar-lhes o toque!

Friday, May 04, 2007

Gosto



Às vezes fecho os olhos e quase posso jurar que consigo sentir o teu cheiro e o toque da tua pele.

Não estás lá, eu sei, mas queria muito que estivesses.

Gosto do teu sorriso e do conforto aconchegante que ele me provoca. Da sensação pacificadora de um quente regresso a casa, especialmente importante nesta altura não me sinto em casa em lugar nenhum.

Gosto de saber que estás aí e que basta o teu olhar para que nada mais importe. Gosto do sabor do teu cabelo e do sal da tua pele, quente, quando fazemos amor.

Longe ou perto, gosto muito de ti.



Imagem daqui

Monday, March 19, 2007

Eu?

Agora que penso nisso, creio que nunca tinha escrito aqui um post na primeira pessoa. Tinha falado de mim, é certo. De uma forma ou de outra, o que escrevo sempre reflecte um pouco de mim. Mas assim não.

De qualquer forma, hoje apetece-me fazê-lo. E portanto, faço-o!

Apetece-me contar que estou a ler o Planisfério Pessoal do Gonçalo Cadilhe. Que partilho com ele este gosto por ter sempre a mala pronta.

Foi talvez por isso que decidi escrever assim. Apeteceu-me partilhar o quanto adoro algumas pequenas coisas que só as viagens permitem: experimentar novas culturas, sentir novos sabores... ou coisas tão simples como cheirar novas terras e sentir um sol diferente acariciar-me a pele.

Há quase um ano que vivo de mala feita, viajando - por motivos profissionais - de e para África a cada poucas semanas. Tem sido duro, mas não tanto que consiga esquecer o quanto tem sido maravilhoso.

Há todo um lado de aprender a estar conosco sozinhos, quando se viaja. São as horas dentro do avião e são depois as longas semanas sem qualquer cordão umbilical que nos ligue à família e amigos. Mas também por isso, estamos muito mais receptivos a descobrir novas pessoas e fazer amizades.

É toda uma experiência que, por muito que se tente descrever, só se percebe verdadeiramente quando é 'experimentada'.

Friday, March 16, 2007

Assim foi

I got up in the wrong side of bed.

Primeiro sim, era isso. Depois foi o calor. O barulho. A multidão. A confusão de estar só e nem me conseguir escutar a pensar. Pessoas que correm, carros que gritam, prédios que buzinam.

Queria ser uma pedra, parada no cimo de um monte. Queria ser um electrão, que corre sem parar. Uma palavra que entra e rodopia na cabeça antes de repousar arrumada.

Depois não queria nada. Queria tudo, também. E já agora, queria que fosse já.

Actually... turns up, I got up in the wrong side of me.