Desde o fim de ano que não pegava num teclado para escrever (hesitei e voltei atrás confesso; tinha escrito «pegava numa caneta» e depois percebi que isso actualmente é uma força de expressão e não uma realidade. Fiquei triste e pensei: ‘vou escrever um parêntesis maior que a frase, a explicar que as forças de expressão me oprimem e não gosto delas’, e assim foi).
Dito isto, começo mais ou menos onde vos deixei. Promessas de ano novo. Ao contrário de toda a gente que conheço, eu tenho cumprido escrupulosamente as minhas. Más línguas dizem mesmo que denotam um certo prazer sádico no seu cumprimento. A essas más linguas eu respondo: Fuck off! Tivessem escolhido melhor as vossas!
Mas compreendem certamente que o meu afastamento da escrita não se deve ao acaso ou à preguiça, mas antes a um conjunto de temas que têm afectado o início do nono ano do milénio (eu sei que é o oitavo, mas soa melhor e faz ‘pandan’ com 2009). Temas emotivos e empolgantes como o Caso Freeport, o desfecho do Caso Casa Pia, o desemprego - que afecta em especial os emigrantes brasileiros que treinam o Chelsea - a crise financeira internacional e, provavelmente motivado por esta última, o encerramento do quiosque no Jardim das Amoreiras.
No entanto, tão pouco foi qualquer um destes temas que me fez de novo escrever. Fui inapelavelmente impelido para o teclado pelo sugestivo título das notícias de hoje, de que os Bispos nacionais apelam a que se vote contra quem defende o casamento homossexual.
Gosto sempre de pessoas que apelam ao voto! Todos sabemos o problema que representa a elevada abstenção. O alheamento e desresponsabilização que isso representa e que não traz nada de bom. Mas poucos - muito poucos – têm a coragem de dizer assim alto e ainda tão longe das eleições, que é preciso ir votar. Um grande bem haja, senhores bispos. Mas vão ainda mais longe! A Igreja está genuinamente preocupada com os problemas financeiros com que nos deparamos. Preocupada em iniciativas que mitiguem o sofrimento das famílias e os ajudem a superar a crise.
Depois dos apelos à poupança nos preservativos, do incentivo ao recurso a clínicas de aborto clandestinas q - por operarem sem uma estrutura de custos fixos - podem levar mais barato, do exemplo que frequentemente dão em como sai menos dispendioso aliciar rapazinhos novos da Igreja do que pagar a profissionais da prática do amor, agora sugerem que não se desperdice dinheiro em festas sem sentido como o casamento, essa palermice que une duas pessoas pelo amor e isso. Eu só posso concordar. Nada como gente habituada a trabalhar para ter ordenado, a suar para poder pagar os anéis, para nos ajudar a superar o que realmente nos atrapalha a vida.
Certo que este não é um tema fácil. É fracturante, polémico e admito que muitos de vocês defendam o casamento. Eu não; sou contra! E isto, como em tudo na vida, não depende nada das opções sexuais de cada um. Mas eu tenho os Bispos do meu lado!
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