É um cliché dos mais gastos, este das decisões de ano novo. E é também dos momentos em que mais se expressam boas intenções que nunca serão mais que isso mesmo, intenções, sem real vontade de passarem a acções.
Por tudo isso, odeio a estafada conversa dos balanços de fim de ano e das promessas de ano novo. Bull Shit. Balelas. Conversa para boi dormir. Tretas.
Sempre apreciei mais as acções e na verdade, as melhores nem são anunciadas com antecedência:
– Senhores jornalistas, chamei-vos aqui só para anunciar a minha decisão de este ano salvar das chamas um indivíduo que vai cair numa fogueira ao pé de mim, no dia 13 de Junho, às 22.46h, depois de ter bebido uns copitos a mais.
Não pega, pois não? Um gajo olha para o indivíduo que diz isto e começa logo a desejar-lhe que vá ter sexo com senhores africanos bem dotados em vez de nos fazer perder o nosso tempo. No entanto, todos nos deleitamos a ler como a Maia ou a Lili Caneças decidiram em 2009 fazer (mais) um lifting, ou deixarem de dar entrevistas a revistas cor-de-rosa para dedicarem mais tempo ao filho (se ainda se lembrarem do nome dele).
Com os balanços de fim de ano é o mesmo. Desde o jornal de referência ao pasquim mais vulgar, desde a TV nacional à televisão regional da Baixa da Banheira... todos os órgãos de comunicação social se dedicam a seleccionar os eventos e as imagens mais marcantes do ano. De um mero ponto de vista do entretenimento, acho interessante, mas... absolutamente inútil. Balanços fazem-se para tirar consequências. Como as avaliações de desempenho.
Proponho que passemos antes a fazer avaliações de desempenho do ano:
- Ora... 2008, não é?
- Sim senhor.
- Muito bem... sabe, em termos de competências comportamentais e valores, vou ter que lhe dar abaixo das expectativas.
- Mas... eu não estou a ver porquê.
- Desculpe, nem preciso de lhe recordar a palhaçada das eleições em Angola, ou aquilo no Zimbabwe, pois não? Por outro lado, Guantanamo, Iraque... enfim... não vejo aqui um real esforço da sua parte em mudar os valores e comportamentos essenciais para nós.
-...
- Bom... vamos continuar; competências técnicas. Eu aqui tenho sentimentos mistos, oh 2008. Por um lado a cena de se ter generalizado a vacina do papiloma humano foi bem esgalhado, mas quer dizer... mais um ano e ainda não há uma única alternativa viável ao petróleo.
- Desculpe lá, mas temos os carros eléctricos, eu ajudei bastante nisso.
- Pois....e a electricidade que usam para os carrgar vem das érvores, não é? Oh gajo, ainda usam petróleo ou carvão para a produzir. É esse o comportamento que critico. Lamento, mas vou mesmo ter que o despedir. E para o ano contratamos o 2009, está decidido.
- Porra pah, todos os anos a mesma coisa, não há um ano que consiga ficar em funções mais que um ano!
- Temos pena. Para a próxima faça formação, leia os manuais, qq coisa assim. Adeus.
Isto sim, daria indicadores preciosos ao ano que entra sobre o que fazer e o que se esperava dele. Agora quando escolhemos como imagens do ano o polícia a levar com um cocktail molotov na cabeça, ou o avião que se esborracha no chão em Barajas, que sinal estamos a dar ao ano que se inicía?
Estranho, não é? Mas é, provavelmente, um defeito meu, reconheço.
Mas, como aos restantes defeitos, tento bastante combatê-los. Por isso, este ano vou arriscar 10 decisões de ano novo, que, para ser diferente, tenciono mesmo cumprir:
1. Vou beber mais whisky velho;
2. Não vou cumprir os limites de velocidade;
3. Vou olhar para os rabos das mulheres em geral, sem pensar em nada de edificante durante esses instantes;
4. Vou continuar a tratar bem as pessoas que amo e com indiferença os restantes
5. Vou ser arrogante, mesquinho e invejoso sempre que isso me apetecer;
6. Vou ser generoso e carinhoso quando não houver alternativa.
7. Vou ver mails com gajas nuas no horário de trabalho, mas mantendo o ar sério e profissional
8. Vou acelerar em direcção às velhotas que atravessam fora da passadeira, só pelo prazer de as ver assustadas
9. Vou escrever estas merdas aos amigos e esperar que digam que gostam para ficar com o ego inchado
10. Não volto a tomar decisões de fim de ano (ou se tomar, não mais que 5 ou 6, que as restantes já custaram a escolher).
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